Thursday, April 16, 2009

Ilusão ou sentido da vida?

Se não há mais nada para lá desta vida, não é normal que queiramos aproveitá-la ao máximo e fazer dela algo que faça sentido para nós? Qual é o interesse de viver por viver, apenas uma sucessão de inspirações/expirações? Os "objectivos de vida" são o motor da nossa paixão, aquilo que nos impele a continuar, a ultrapassar momentos difíceis, a lutar, muitas vezes contra nós próprios.

Ter metas é vital para viver uma vida apaixonadamente, mas não precisam ser irrevogáveis ou definitivas. Acredito que as nossas metas são tão mutáveis quanto nós próprios, vão-se adaptando e metamorfoseando assim como também nós nos vamos modificando ao longo da nossa vivência, através de tudo o que experenciamos, tudo o que sentimos.

O grande problema é que, enquanto estamos a formar a nossa personalidade e a descobrir aquilo que nos apaixona, às vezes definimos objectivos de vida impostos mais pela sociedade ou pelas pessoas à nossa volta do que por nós mesmos. Eu, por exemplo, cheguei há pouco tempo à conclusão que até agora o meu objectivo de vida era acabar o curso. Porque, como vocês devem saber, por mais que tenhamos uma ideia concreta daquilo que queremos ser quando formos grandes quando entramos na universidade, essa noção é submetida a sangue, suor e lágrimas, e muitas vezes acaba por sair totalmente tranfigurada da batalha. Como diria o grande Henrique Leitão (descalcem-se, vamos pisar solo sagrado!), nós entramos num curso para saber se gostamos ou não do curso! Mas como não vivemos num mundo ideal, não podemos andar a saltitar de curso em curso até descobrir qual é "o tal", por isso fazemos aquilo que podemos com aquele em que estamos.

Pronto, tirei o curso... e agora?? Na verdade, gosto muito daquilo que faço e não imagino melhor trabalho. Mas... não me sinto totalmente preenchida... a paixão, sendo por definição um sentimento efémero, esfumou-se, deixando no seu lugar um agradável sentimento de segurança do conhecido, de afecto profundo, mas está na altura de encontrar outra paixão, ou de renovar as paixões que já temos! Como? Traçando novas metas, novos objectivos que queremos realizar, obrigando-nos a construir projectos, delinear trajectos até se chegar lá, já que a viagem é tão importante quanto a meta. E a viagem é a nossa vida.

(Existe tamanho máximo para um post????)

Nem toda a gente precisa de um projecto de vida. Ou melhor, há pessoas cujos "projectos de vida" têm escalas temporais de semanas ou até de dias ("Carpe Diem" no sentido lato). Mas há outras que precisam de ter em vista algo a grande escala... não é propriamente para fazer a sua vivência girar em torno desse objectivo, ou obececar-se enquanto não o realize, é a necessidade de ter um caminho. Porque senão sentimo-nos perdidos.

Eu sinto-me perdida. E tenho uma vida óptima. Faço aquilo que gosto, não tenho pressões no trabalho, tenho horários ultra-flexíveis, vivo numa cidade simpatiquíssima, num apartamento só meu... e, no entanto, vivo em constante ansiedade, inquietude, impaciência. Certo, a pessoa mais importante da minha vida está longe e também eu estou longe da minha terra natal e dos meus amigos, mas não consigo evitar pensar que, se estivesse junto das pessoas de quem mais gosto, teria na mesma estes sentimentos, nem que fosse de vez em quando. Porque não tenho projecto de vida, nem a capacidade de projectar nada no meu futuro devido às circunstâncias.

Mas eu já nasci com mentalidade de pessoa de 70 anos, por isso...

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