Sunday, February 19, 2012

Mudanças

Para  mostrar que de facto estou mesmo convencido em recomeçar este projecto nosso tão interessante que eu vergonhosamente deixei de participar venho por este meio relatar umas quantas mudanças que surgiram na minha vida e que talvez possam dar algum contexto ao posts que conto fazer a seguir.

Primeiro que tudo como vocês já sabem estou em Angola há cerca de ano e meio e de lá para cá muita coisa mudou na minha vida:

  1. Estou solteiro
  2. Estou longe das minhas filhas lindas
  3. Estou longe da minha verdadeira família
  4. Estou longe dos meus amigos
  5. Estou longe da Física
  6. Tenho um novo emprego
  7. Tenho conhecido um conjunto de gente espectacular
  8. Tenho a certeza que vou gostar imenso das coisas que terei que fazer no meu novo emprego
E basicamente é isso. Agora sou um consultor estratégico nas horas vagas continua a sonhar em voltar para a Física e cujos planos no imediato são passar três em empresa de consultoria onde estou, fazer Física durante os fins de semana, ser alguém decente e deixar para trás esta sensação de ennui e spleen que há vários anos me persegue e que nos útimos 3, 4 anos só se intensificou.

Agora finalmente consigo ver uma luz no fundo do túnel e dou-me conta do merdas que tenho sido nos últimos tempos. A sério um verdadeiro merdas e cobarde. Está mais que na hora de recomeçar a viver e realmente fazer algo de útil com este tempo finito que me foi concedido.

Uma das resoluções que tomei foi bloggar mais este ano. Mas não blogggar só por bloggar. Bloggar para pensar, bloggar para fazer pensar. Bloggar para ser produtivo e trazer luz ao meu cinzento interior.
Para além disso ser também conto ser mais responsável, ser mais organizado, ser mais o gajo que era há alguns anos atrás. O gajo que fazia parte do grupo que a Ana P. descreve neste post em palavras que ressoaram imenso cá dentro quando as voltei a ler hoje:

"como os encontros tolos que tínhamos dantes de palhaçada e alegria puras, a conversar sobre nada."

Esta descrição da Ana P. Fez-me lembrar que apesar dos apesar, que apesar da mágioa que cai e teima em ficar, apesar das merdices, apesar das cicatrizes e apesar lágrimas que caem para dentro, eu sei rir, sorrir e ser feliz (ainda que não seja por muito tempo).

Por isso toca de ser feliz e fica aqui a promessa de respostas semanais, a não ser que ocorra algo de força maior que me impeça de responder.

Abraço ao hypperdanny, beijos para a Ana P. e obrigado por serem amigos e por me fazerem lembrar quem eu posso ser.
A sério: muito obrigado!

Só para dizer que desta vez é que vai mesmo ser

A sério.

E para além das habituais verborreias também irei trazer verborreias sobre Física, e política. A sério.

Por isso: brace yourselves.

Só para terminar deixe-me deixar-vos com a música do momento:

Monday, January 11, 2010

Resposta ao mega-post da resposta

O rascunho que fiz há alguns meses atrás que disse ser para daí a umas semanas foi este:

"Não vou discutir questões teológico-religioso-meta-físicas, ok? Espero que me perdoem, acho que a maneira como levamos a nossa vida, e sobretudo como a encaramos, pode (e deveria) ser independente de crenças e espiritualidades. Como o avô Maia, que queria educar os seus netos segundo o moralmente correcto, que não tinha nada a ver com o que a Igreja apregoava. Digo só isto: como pessoa formada em ciência, e logo em física, a minha tendência é dizer que não há nada para lá do físico, que aquilo que apercebemos como não-físico é electricidade e pouco mais. Mas a minha maneira de ser, a minha sensibilidade, os sintomas físicos que a minha psique provoca, certos conceitos esotéricos fazem-me querer acreditar que a ciência não explica tudo."

Não faço ideia do que na altura teria seguido a isto, mas paciência, recomecemos. Aqui vai, Armando.

A tua reflexão acerca do teu último pensamento antes de morrer é algo que me assombra praticamente todos os dias da minha existência. E isto está ligado com aquilo que mais à frente disse e com o qual te preocupaste, de me sentir perdida e de não saber o que fazer para mudar isso. Citando "O Clube dos Poetas Mortos":

I went to the woods because I wanted to live deliberately. I wanted to live deep and suck out all the marrow of life. To put to rout all that was not life; and not, when I had come to die, discover that I had not lived.

Nem sequer estou a pensar num sentido universal de "deixar a minha marca no mundo" ou de fazer algo que realmente faça a diferença nalguma coisa. Há já algum tempo que tenho uma perspectiva muito egoísta e egocêntrica do que significa para mim "sugar o tutano da vida". As minhas ambições são muito reduzidas, sempre foram, talvez devido a uma falta de auto-estima sempre latente. Pensando bem, talvez seja esse o problema. Mas preocupa-me muito que, no meio da minha apatia e auto-comiseração, esteja a perder os melhores anos da minha vida. E, pior que tudo, ter noção disso e não ter nem a força nem a coragem nem o estado de espírito para o evitar! Parece um filme que estou a ver e não consigo parar nem rebobinar! E a parte realmente idiota e sem sentido é que me sinto assim desde o início da adolescência! Amainou um pouco durante a faculdade, exceptuando claro meia dúzia de momentos particularmente merdosos, porque, lá está, por uns anos, tinha um objectivo, uma meta. Nunca tive a paixão que vocês tinham pela física, sempre me guiei pelas paixões que outros me transmitiam para gostar mais ou menos de um tema ou uma disciplina, e tive uma professora de física extraordinária. Aí está a razão para ter tido o trajecto universitário que tive. Ousei por um momento apaixonar-me por Astrofísica para ter o desgosto de ver essa ambição completamente para lá das minhas capacidades. Quando a física correu mal, agarrei-me à paixão de outra pessoa: o João Martins. E eis-me em oceanografia, a matéria menos arriscada de toda a geofísica, a minha única verdadeira escolha... mas não é algo que me define, não faz tanto parte da minha pessoa como o cinema, como a importância destas conversas e dissertações, como o amor, como a beleza que vejo de todas as vezes que olho pela janela, como os encontros tolos que tínhamos dantes de palhaçada e alegria puras, a conversar sobre nada.

Tens toda a razão na tua asserção de que me falta algo, como aliás já to disse. Continuo a ter curiosidade em saber do que se trata na tua opinião, mas continuas a não me querer dizer e também não vou insistir em que mo digas, porque é minha obrigação procurar respostas por mim própria. É minha obrigação descobrir o que quero ser, como muito bem dizes, e essa é a grande questão que coloco a mim própria, e que está na origem do sentimento de vazio que neste momento tenho dentro de mim. Aliás, sempre tive, mas relacionava-o com outras faltas. Dou-me finalmente conta de que sempre o atribuí a origens falsas e que o problema continua dentro de mim e continuo bastante longe de o resolver, embora não tão longe do que há uns anos. Mas espanta-me muitíssimo que o consigas imaginar da maneira objectiva como o descreves: Assim sendo vê bem o que te falta e toca de põr mãos a obra. É uma coisa assim tão palpável??
A questão de eu me restringir muitíssimo às condições exteriores que me envolvem, às pessoas que me rodeiam, é também verdadeira e penso que se deve a uma grande falta de imaginação e poder de auto-sobrevivência da minha parte. É também por isso que me preocupo tanto pelas opiniões que os outros têm de mim ou do que faço. Esta minha falta de elasticidade mental que me castra completamente os poderes de adaptação e me continua a impedir de estar bem não importa aonde agrava o tal vazio. Mas, como já o disse aqui, sei perfeitamente que estar bem comigo própria não depende do tempo nem do lugar, depende apenas de assuntos não resolvidos dentro de mim que me continuam a escapar por entre os dedos, por muito longo que seja o caminho que já percorri na sua direcção.
Não faço ideia a que inquietações do João Pires te referes. Porque devo fazer algo semelhante? O que fez ele?

Para finalizar, para ver se pomos o blogue em acção outra vez, respostas rápidas às perguntas directas que me colocaste, porque as minhas insinuações não eram tão complexas quanto tu supuseste:

"Nem toda a gente precisa de um projecto de vida. Ou melhor, há pessoas cujos "projectos de vida" têm escalas temporais de semanas ou até de dias ("Carpe Diem" no sentido lato)."
Carpe diem no sentido lato?? Que queres dizer com isso?


Quero dizer não se preocuparem com as consequências das suas acções e como tal tirarem prazer imediato da vida, fazerem apenas o que lhes apetece sem pensar duas vezes.

"Claro que se pode romper com isso tudo e procurar outra sociedade, cultura e mentalidade com as quais te identifiques mais."
O que queres dizer com isto?


Ir para a Índia ou o Tibete...

"embora eu esteja convencida que em termos de natureza humana as coisas que fazem sentido para uns não se afastam muito dos seus iguais, temos já umas décadas de estudo de psicologia humana que te dirão isso"
Antes de mais gostaria de ver referências sobre o que está à bold é que isso parece-me mesmo muito suspeito.


Estava a pensar no Freud :P

Tuesday, October 20, 2009

Quem vai regressar sou eu! Mas agora não, mais logo!

Saturday, August 29, 2009

Pergunta

Então quando é que discordamos por aqui?

Estou mazé a ver que vou produzir mais um textozinho a ver se vos espicaço.

Tuesday, June 30, 2009

o António Variações já o dizia...

A essa conclusão já eu tinha chegado, meu caro... só não sente isso quem não é, como nós, amaldiçoado a vaguear por esta terra e por este tempo com um cérebro hiper-activo, a pensar demasiado e para sempre atormentado por não ter um botão de desligar. Uma amiga fez-me uma analogia bastante à físico: há pessoas que vivem horizontalmente, outras verticalmente. As pessoas horizontais não sofrem qualquer tipo de atrito, deslizam pela vida, não lutam contra o vento, não se confrontam com obstáculos. As pessoas verticais... apanham com a merda toda no focinho (podemos dizer asneiras, não podemos?) e têm de a limpar e processar e assimilar o mundo em 4 dimensões e estar bem consigo próprios... é uma carga de trabalhos!! Não é possível estar bem todo o tempo. Porque isso significa estar bem connosco próprios todo o tempo, e para pessoas atrofiadas como nós é basicamente impossível! Há quem diga que somos interiormente mais ricos, ou que temos uma visão mais completa das coisas, etc.. Balelas!! Ignorância é bênção, chamem-me cobarde à vontade, trocava muita coisa para poder não sofrer tanto.

A mesma amiga disse-me que os nossos recalcamentos são essencialmente um poço de merda, que tem de ser revolvido para não se depositar e para ser purificado, tipo decantado. Sob a forma de conflitos interiores, resolver traumas e recalcamentos e deficiências, blá blá blá. Nos últimos tempos, por uma questão de sanidade mental, escolho pensar que todos os dilemas e lutas interiores que temos, todos os processos cognitivos/emotivos que não são evidentes, em suma todas as coisas que levamos mais tempo a processar que o comum mortal, nos direccionam e são um passo em frente para o auto-conhecimento e, derradeiramente, para a paz interior. Porque ser feliz não é ser feliz todo o tempo, não é ser feliz em estado puro e final. O ser humano não foi feito para isso. Ser feliz é estar em paz connosco próprios para que possamos desfrutar verdadeiramente da vida, das pessoas de quem gostamos, das nossas actividades, quer seja de trabalho ou lazer, e tornar o maior número possível de momentos em momentos felizes! Acredito mesmo nisto, porque senão não há esperança! Temos de estar bem sozinhos, e então estaremos bem com quem quer que seja e onde quer que seja. E para alcançar isto, é preciso lutar todos os dias, todos os momentos. Tenho outra analogia à físico, da minha autoria. Estar no fundo do poço é o mesmo que estar no fundo de um poço de potencial. É preciso uma quantidade astronómica de energia para sair de lá. Mas uma vez saídos de lá, se estivermos atentos e nos esforçarmos por não cair lá dentro de novo, a energia requerida já é menor. Mas é sempre preciso energia para nos mantermos na orla, à superfície. Porque é que o Lado Negro da Força é mais fácil que o Lado Bom? Porque é que é preciso disciplina? Porque sendo seres conscientes, se estivessemos constantemente cientes da nossa condição humana, estaríamos sempre dentro do poço. Há duas maneiras de impedir isso: não pensar, mas nem toda a gente se pode dar a esse luxo por causa de alguns de nós não terem botão de desligar; entretermo-nos para não pensar, e lá entra a disciplina. É preciso ligarmo-nos às pessoas, encontrar coisas que gostamos de fazer, descobrir paixão nas coisas que nos rodeiam. Procurar beleza! E em tudo isto, mais uma vez para pessoas atrofiadas, é preciso investimento, esforço, pró-actividade como diria o Sócrates (o tuga, não o filósofo). Empreendedorismo emocional.

dweebydoofus, desculpa toda a demora nas respostas a este belo veículo de expressão, mas lidar com a merda às vezes é tão doloroso que preciso de ficar emocionalmente adormecida senão enloqueço... bem sei que escolher o estado vegetal no que diz respeito às emoções é uma receita garantida de recalcamento e fonte de ansiedade, mas às vezes cedo à cobardia e deixo-me ficar muito psicologicamente quietinha a ver se a crise passa (não passa, eu sei, mas às vezes uma pessoa não tem força para a enfrentar...). Até o cinema ando a negligenciar, só para tu veres como a coisa está preta... prometo responder ao teu mega-post em breve, não já porque tenho de ir trabalhar e foi só mesmo porque o que o hyperdanny disse me provocou uma enxorrada de pensamentos. E aposto que este já te dá montes de coisas com as quais discordar, mas aguenta aí os cavalos até pelo menos ao final da semana!

Só para concluir, hyperdanny, continuando numa de Star Wars (essa grande obra sobre as inquietações do ser humano (volta, jovem George Lucas!! aposto que também se cansou de sentir e deu em ser intelectualmente preguilçoso...)). A origem do Lado Negro dentro de nós é uma e uma só: o medo. Pensa nisso. De que tens medo e de como podes combatê-lo. E sobretudo de como podes ultrapassá-lo porque só correndo riscos, só enfrentando os nossos demónios (a mudança, a perda, o abandono, a morte), conseguimos chegar mais perto da serenidade. E um último conselho: zanga-te! Zanga-te na altura certa, não há nada de errado em estarmos zangados! Mesmo se depois te arrependeres, ou até mesmo se já na altura souberes que estás a ser injusto. Tens de te expressar!! (conversa de gaja, talvez...)

Adoro-vos!

Monday, June 29, 2009

Cheguei a uma brilhante e não menos óbvia conclusão: não estamos bem de forma nenhuma. Nem sozinhos nem acompanhados, nem com conhecimento nem sei ele. Nem sei bem o que faço aqui ou ali.