Tuesday, June 30, 2009

o António Variações já o dizia...

A essa conclusão já eu tinha chegado, meu caro... só não sente isso quem não é, como nós, amaldiçoado a vaguear por esta terra e por este tempo com um cérebro hiper-activo, a pensar demasiado e para sempre atormentado por não ter um botão de desligar. Uma amiga fez-me uma analogia bastante à físico: há pessoas que vivem horizontalmente, outras verticalmente. As pessoas horizontais não sofrem qualquer tipo de atrito, deslizam pela vida, não lutam contra o vento, não se confrontam com obstáculos. As pessoas verticais... apanham com a merda toda no focinho (podemos dizer asneiras, não podemos?) e têm de a limpar e processar e assimilar o mundo em 4 dimensões e estar bem consigo próprios... é uma carga de trabalhos!! Não é possível estar bem todo o tempo. Porque isso significa estar bem connosco próprios todo o tempo, e para pessoas atrofiadas como nós é basicamente impossível! Há quem diga que somos interiormente mais ricos, ou que temos uma visão mais completa das coisas, etc.. Balelas!! Ignorância é bênção, chamem-me cobarde à vontade, trocava muita coisa para poder não sofrer tanto.

A mesma amiga disse-me que os nossos recalcamentos são essencialmente um poço de merda, que tem de ser revolvido para não se depositar e para ser purificado, tipo decantado. Sob a forma de conflitos interiores, resolver traumas e recalcamentos e deficiências, blá blá blá. Nos últimos tempos, por uma questão de sanidade mental, escolho pensar que todos os dilemas e lutas interiores que temos, todos os processos cognitivos/emotivos que não são evidentes, em suma todas as coisas que levamos mais tempo a processar que o comum mortal, nos direccionam e são um passo em frente para o auto-conhecimento e, derradeiramente, para a paz interior. Porque ser feliz não é ser feliz todo o tempo, não é ser feliz em estado puro e final. O ser humano não foi feito para isso. Ser feliz é estar em paz connosco próprios para que possamos desfrutar verdadeiramente da vida, das pessoas de quem gostamos, das nossas actividades, quer seja de trabalho ou lazer, e tornar o maior número possível de momentos em momentos felizes! Acredito mesmo nisto, porque senão não há esperança! Temos de estar bem sozinhos, e então estaremos bem com quem quer que seja e onde quer que seja. E para alcançar isto, é preciso lutar todos os dias, todos os momentos. Tenho outra analogia à físico, da minha autoria. Estar no fundo do poço é o mesmo que estar no fundo de um poço de potencial. É preciso uma quantidade astronómica de energia para sair de lá. Mas uma vez saídos de lá, se estivermos atentos e nos esforçarmos por não cair lá dentro de novo, a energia requerida já é menor. Mas é sempre preciso energia para nos mantermos na orla, à superfície. Porque é que o Lado Negro da Força é mais fácil que o Lado Bom? Porque é que é preciso disciplina? Porque sendo seres conscientes, se estivessemos constantemente cientes da nossa condição humana, estaríamos sempre dentro do poço. Há duas maneiras de impedir isso: não pensar, mas nem toda a gente se pode dar a esse luxo por causa de alguns de nós não terem botão de desligar; entretermo-nos para não pensar, e lá entra a disciplina. É preciso ligarmo-nos às pessoas, encontrar coisas que gostamos de fazer, descobrir paixão nas coisas que nos rodeiam. Procurar beleza! E em tudo isto, mais uma vez para pessoas atrofiadas, é preciso investimento, esforço, pró-actividade como diria o Sócrates (o tuga, não o filósofo). Empreendedorismo emocional.

dweebydoofus, desculpa toda a demora nas respostas a este belo veículo de expressão, mas lidar com a merda às vezes é tão doloroso que preciso de ficar emocionalmente adormecida senão enloqueço... bem sei que escolher o estado vegetal no que diz respeito às emoções é uma receita garantida de recalcamento e fonte de ansiedade, mas às vezes cedo à cobardia e deixo-me ficar muito psicologicamente quietinha a ver se a crise passa (não passa, eu sei, mas às vezes uma pessoa não tem força para a enfrentar...). Até o cinema ando a negligenciar, só para tu veres como a coisa está preta... prometo responder ao teu mega-post em breve, não já porque tenho de ir trabalhar e foi só mesmo porque o que o hyperdanny disse me provocou uma enxorrada de pensamentos. E aposto que este já te dá montes de coisas com as quais discordar, mas aguenta aí os cavalos até pelo menos ao final da semana!

Só para concluir, hyperdanny, continuando numa de Star Wars (essa grande obra sobre as inquietações do ser humano (volta, jovem George Lucas!! aposto que também se cansou de sentir e deu em ser intelectualmente preguilçoso...)). A origem do Lado Negro dentro de nós é uma e uma só: o medo. Pensa nisso. De que tens medo e de como podes combatê-lo. E sobretudo de como podes ultrapassá-lo porque só correndo riscos, só enfrentando os nossos demónios (a mudança, a perda, o abandono, a morte), conseguimos chegar mais perto da serenidade. E um último conselho: zanga-te! Zanga-te na altura certa, não há nada de errado em estarmos zangados! Mesmo se depois te arrependeres, ou até mesmo se já na altura souberes que estás a ser injusto. Tens de te expressar!! (conversa de gaja, talvez...)

Adoro-vos!

Monday, June 29, 2009

Cheguei a uma brilhante e não menos óbvia conclusão: não estamos bem de forma nenhuma. Nem sozinhos nem acompanhados, nem com conhecimento nem sei ele. Nem sei bem o que faço aqui ou ali.